sábado, 2 de agosto de 2008

PRIMEIRAS MÁSCARAS - 1995

Acho que comecei a me interessar por máscaras quando passei a me interessar por arte africana, lá por meados da década de 80, ao trabalhar numa obra de restauração no interior do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista (RJ).

Naquela ocasião pude ver alguns exemplares muito interessantes de esculturas africanas e também pré-colombianas, assim como criações de indígenas brasileiros. O sentimento de ancestralidade que emana da arte destas culturas me atraiu de imediato e, no caso das esculturas africanas, foi a sua extrema expressividade, baseada numa grande simplicidade de forma e estilização da figura humana, que me mostrou o caminho para uma série de interessantes experimentações que se desdobrariam inicialmente na minha xilogravura e depois na pintura e na cerâmica.

O que mais me chama a atenção nas máscaras africanas é a capacidade que seus autores tem de abstrair os seus elementos faciais, conseguindo daí retirar o máximo de expressividade na exibição das suas características naturais e culturais. O artista africano geometriza toda face, ou nela associa elementos humanos com elementos animais, a fim de representar algum ancestral ou divindade da sua cultura religiosa e o resultado é sumamente belo em sua singeleza e plasticidade.

Em cerâmica, nas minhas experiências iniciais com o tema “máscara”, busquei justamente trabalhar dentro deste contexto de simplicidade, utilizando como base a placa redonda, côncava ou convexa, pintando-lhe ou gravando-lhe os elementos faciais da maneira mais sintetizada possível, para que houvesse uma associação clara com o “primitivismo” da cultura africana que estava buscando mostrar. Na verdade era uma forma de interpretação da arte africana, que eu estava adaptando ao meu modo particular de me expressar plasticamente através da cerâmica.

Seguem alguns exemplos destas minhas primeiras máscaras, todas modeladas a partir de placas, pintadas com engobe, algumas esgrafitadas (temperatura de queima : 900° C):









Depois destas fiz várias outras, de outros tipos, culminando com as mais recentes (de 2006/7), que apresentam outros formatos e bastante relevo, sendo que de algumas tirei formas para depois fundi-las em cimento ou copia-las em papier maché. As versões em cerâmica destas máscaras serão mostradas mais adiante, no tempo certo.

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