O curioso é que esta peça levou mais de um ano aguardando para ser queimada, portanto estava completamente seca na hora de ir para o forno, tendo sofrido um estranho escurecimento durante a secagem, que permaneceu após a queima. Tentando explicar o corrido, penso que a causa das rachaduras profundas tenha sido a grande espessura das paredes da peça; já o motivo do escurecimento da cor da argila (de um tipo comum - de cor cinza antes da queima e vermelha após - das que que são utilizadas nas olarias de estrada para fazer vasos para plantas e tijolos) credito a uma exagerada quantidade de óxidos minerais em sua constituição, talvez concentrados em sua superfície durante o processo de polimento que apliquei ao final da modelagem. Contudo, em ambos os casos não tenho certeza se estes foram os reais motivos destes acontecimentos.
De qualquer forma, gostei do resultado, que acrescentou um dado novo à forma, introduzindo um elemento simbólico a mais (a "fragmentação da alma humana" ou o "solo rachado da terra agredida" e por aí vai). É o tipo do resultado que em algumas circunstâncias poderia ser considerado um verdadeiro desastre, mas neste caso, em minha opinião, valorizou muito a peça.
Segue " O Homem Craquelê":
Ricardo Pereira - "O Homem Craquelê", face A - cerâmica - altura 25 cm - 2010.
Ricardo Pereira - "O Homem craquelê, face B - cerâmica - altura: 25 cm - 2010.
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